2

 
  Ceará: HOSPITAL DE MESSEJANA

26/08/2010

Publicado em 25/08/2010

No Hospital de Messejana, 100 pacientes aguardam por uma cirurgia cardiovascular. Segundo levantamento do O POVO, em menos de um mês 16 pessoas aumentaram a fila para a cirurgia.

Os cirurgiões cardiovasculares continuam sem atender nos quatro hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) - Prontocárdio, São Raimundo, Batista e Antônio Prudente. Enquanto isso, a fila de espera por uma cirurgia no Hospital de Messejana (HM) continua crescendo. Segundo João David de Souza Neto, diretor geral da unidade, a espera já registra 100 pacientes. "Esse número pode até aumentar para 102 hoje (ontem)", afirma. No último dia 31 de agosto, O POVO mostrou que a fila no HM era de 84 pessoas - cresceu 16 em menos de um mês.

Antes da paralisação dos cirurgiões, o hospital tinha, em média, 40 pacientes aguardando por uma cirurgia cardiovascular. "Estamos fazendo o possível, mas não conseguimos dar conta de toda a demanda. Atendemos os casos mais urgentes. Os outros, somos obrigados a mandar para a fila de espera", explica João David. "Quanto mais os pacientes aguardam por uma cirurgia, mais a situação deles se agrava", afirma o diretor.

E a crise não tem data para chegar ao fim. De acordo com o médico Haroldo Brasil, diretor da Cooperativa dos Cirurgiões Cardiovasculares do Ceará, a paralisação ainda está "longe de terminar". "A proposta que os gestores fizeram é muito aquém da nossa reivindicação", diz. Os cirurgiões querem que a tabela do SUS seja equiparada à Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), utilizada pela rede particular, com uma redução de 20%. Atualmente, o cirurgião ganha cerca de R$ 80 por operação feita pelo SUS. Na rede particular, o valor pode chegar a R$ 1,2 mil.

O reajuste médio de 30% da tabela de procedimentos do SUS, anunciado na última segunda-feira pelo ministro José Gomes Temporão, não será suficiente para interromper a paralisação dos cirurgiões. "Esse aumento não contempla o que estamos pedindo, que é bem mais do que isso", afirma Haroldo Brasil. Em entrevista coletiva realizada no Palácio Iracema, em Fortaleza, Temporão disse que é "muito complicado" equiparar a tabela do SUS à da rede particular. "Vamos trabalhar numa estratégia de recuperação gradual da tabela", disse o ministro.

Crise

A paralisação dos cirurgiões cardiovasculares começou há mais de dois meses. Com isso, todo o atendimento da população teve de ser centralizado no Hospital de Messejana, sobrecarregando a unidade. A situação continua inalterada, mesmo após uma série de reuniões entre os gestores da saúde do Estado e do Município com os cirurgiões.

Os médicos já conseguiram, no entanto, que o valor dos procedimentos seja enviado à Cooperativa dos Cirurgiões Cardiovasculares. Antes, o dinheiro era repassado primeiro ao hospital, para depois ser enviado aos médicos. Para suspender a paralisação, os cirurgiões querem equiparar a tabela do SUS com a CBHPM. Haroldo Brasil garante que os cirurgiões estão cumprindo o acordo - firmado com as secretarias no dia 27 de agosto - de atender os casos de emergência nos hospitais conveniados ao SUS.

SAIBA MAIS

A tabela do Sistema Único de Saúde, reajustada em cerca de 30% pelo Ministério da Saúde, não tinha um reajuste desde o ano de 2002. De acordo com o ministério, entre 1994 e 2002 a tabela acumulou uma defasagem de 110%.

CONTEÚDO EXTRA

Veja os números sobre a situação do Hospital de Messejana

www.opovo.com/conteudoextra

E-mais

NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

A situação do Hospital Universitário Walter Cantídio, da UFC, continua crítica. A dívida com fornecedores ultrapassa os R$ 5 milhões - a dívida total é de R$ 12 milhões. Mas o quadro se agravou nos últimos meses quando o hospital deixou de receber, do Ministério da Saúde (MS), a quantia de R$ 914 mil, referente ao pagamento dos procedimentos de alta complexidade em cardiologia realizados nos meses de maio, junho e julho.

Em decorrência, cirurgias cardíacas, implantes de marcapasso e procedimentos endovasculares deixaram de ser realizados há um mês. "Tentamos abrir leitos para as cirurgias cardíacas, mas os fornecedores exigiram o pagamento prévio dos materiais", explica Sílvio Furtado, diretor do Hospital Universitário.

Silvio Furtado esteve na reunião com o ministro José Temporão, que contou também com a presença do governador Cid Gomes e da prefeita Luizianne Lins. Segundo ele, Temporão prometeu o envio de recursos para amenizar a crise do hospital. "Ainda não temos uma definição de quando esse dinheiro vai chegar. Estou esperando um ligação do Alex (Mont´Alverne, coordenador de Políticas Públicas da Secretaria Municipal da Saúde) para nos informar sobre esse repasse", afirma Furtado. O POVO tentou contato com Alex Mont´Alverne, que está em Brasília, mas o celular dele estava desligado ou fora da área de serviço.

Cerca de 400 cirurgias são realizadas mensalmente e em torno de 13 mil consultas/mês no HUWC. Uma das medidas adotadas pelo diretor Silvio Furtado foi continuar com o bloqueio das consultadas de primeira vez, como forma de reduzir a demanda por exames laboratoriais.

Silvio Furtado diz que o custo dos hospitais universitários ou de ensino é pelo menos 30% superior a uma unidade que não tem compromisso com o ensino e a pesquisa. Segundo ele, a dívida dos hospitais universitários do País é em torno de R$ 450 milhões.

Uma audiência pública hoje na Assembléia Legislativa, às 14h30min, vai discutir sobre o fortalecimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). Representantes dos profissionais de saúde e órgãos públicos e conveniados deverão compor a mesa com os secretários João Ananias (Estado) e Odorico Monteiro (Município).

ESQUEMA DE PARALISAÇÃO

A paralisação será das 7h às 19 horas

Unidades Básicas de Saúde (Postos de Saúde)

Total: 89

Não haverá atendimento

Instituto Dr. José Frota (IJF)

-Mantém atendimento de urgência e emergência

-Estão suspensas as cirurgias eletivas (programadas)

-Não haverá atendimento de ambulatório

Hospital Nossa Senhora da Conceição

-Mantém o atendimento de urgência, emergência e partos

Centro de Assistência à Criança Lúcia Fátima (Croa)

-Mantém atendimento de urgência e emergência

Gonzaguinhas e Frotinhas

-Mantém o atendimento de urgência e emergência. A triagem será feita pelos médicos do movimento

-Suspende as cirurgias programadas

Fonte: Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará, Coordenação de Gestão Hospitalar do Município

 
 




CardioTórax © Copyright 2009    ||    Todos os direitos reservados

Av. Anita Garibaldi, n 1477, Ed. Alexander Fleming, sala 403
Ondina - Salvador - BA - 41.950-176
Telefone: +55 71 3261-2613