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  Goiás: Apenas um médico do SUS faz cirurgia cardíaca em Goiânia

26/08/2010

Publicada em 28/04/2010

A diarista Lindamar Cassimiro, 36 anos, descobriu que sofre de um problema cardíaco grave há mais de cinco meses. De lá para cá, ela tem convivido com desmaios, palpitações e falta de ar. Além do problema de saúde, que requer cirurgia de urgência, o pânico de não conseguir ser operada tão cedo a incomoda todos os dias. Com todos os exames encaminhados aos médicos cardíacos do Hospital Santa Casa de Misericórdia em Goiânia, a resposta que ela sempre recebe é que não vai conseguir se curar por meio de uma intervenção cirúrgica realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje, apenas um, dos 21 cirurgiões cardíacos de Goiânia realiza cirurgias cardíacas pelo sistema, segundo a Cooperativa dos Cirurgiões Cardíacos de Goiás.

O problema que se estende por praticamente cinco meses não tem previsão de ser solucionado. Segundo o presidente da cooperativa, Wilson Mendonça Júnior, os médicos realizavam 120 cirurgias cardíacas por mês pelo SUS. Hoje, com apenas um médico credenciado, esse número foi para sete cirurgias, o que provoca longas filas de espera nos principais hospitais que realizam cirurgias cardíacas da capital.

Os médicos associados à cooperativa e descredenciados do SUS reivindicam que o sistema pague a tabela de preços por cirurgia de acordo com o valor estabelecido pela Sociedade Brasileira de Medicina, e não a do Sistema Único de Saúde, que prevalece desde 1992. Os valores das cirurgias variam de acordo com o problema cardíaco.

O presidente do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), Salomão Rodrigues Filho, esclarece que o conselho está acompanhando de perto a questão, “buscando uma solução que atenda ao pleito dos médicos e que não traga mais problemas à população”. Salomão afirma que na segunda-feira esteve reunido com a secretária estadual de Saúde, Irani Ribeiro, para discutir o problema. “Também pretendo reunir com o secretário municipal de Saúde, Paulo Rassi, tudo isso com um único objetivo, solucionar o problema que ainda existe”, disse.

De acordo com o secretário municipal de Saúde, Paulo Rassi, mesmo com menos de 20 médicos não realizando cirurgias cardíacas em Goiânia, a fila de espera não aumentou. Ele confirma que as cirurgias cardíacas estão sendo realizadas apenas no Hospital São Francisco de Assis, devido à resistência dos médicos em realizarem procedimento cirúrgico pelo SUS. Rassi explica que, após a paralisação dos médicos, estão sendo realizadas cirurgias apenas de pacientes de Goiás. “Tínhamos grande número de pacientes de outros Estados na fila de espera, agora não atendemos outros Estados, por isso não existe grande número de pessoas esperando”, disse.

O secretário ressaltou que o maior problema é com relação a cirurgias cardíacas em crianças, pois desde que a Justiça determinou multa de R$ 5 mil por cirurgia não feita, os médicos cirurgiões cardíacos não atendem mais no Hospital da Criança. “As operações em crianças estão sendo realizadas em outros Estados devido a falta de médicos”, afirmou. Ele ainda insiste que não existe um grande número de adultos na espera por cirurgia, “nada tem chegado até a Secretaria Municipal de Saúde”.

O promotor e coordenador do Centro de Apoio do Cidadão, Marcelo Celestino, afirma que já foi concedida liminar contra cooperativa dos cirurgiões cardíacos, aos médicos que nela estão credenciados e hospitais. Os hospitais que realizam esse tipo de cirurgia ou são filantrópicos ou conveniados ao SUS. Os médicos que neles trabalham devem prestar os serviços que determina o hospital. “O juiz, em liminar, determinou que toda cirurgia que requer urgência deve ser realizada”, disse.

Ele destaca que os médicos tentam convencer os pacientes a realizar a cirurgia de forma particular, para que a prefeitura depois se responsabilize. Em razão disso, está sendo investigada a morte de um garoto que aconteceu nos últimos dias devido ao tempo de espera entre as negociações e a cirurgia.

Fonte: www.mp.go.gov.br

 
 




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