2

 
  Reclamações contra planos privados crescem 200%

19/09/2009

Após duas horas e meia na fila de espera da emergência do Hospital Espanhol, acompanhando a filha, Renilda Souza Menezes, de 64, acabou desistindo de ser atendida. “O jeito é procurar outra emergência, essa é a terceira por onde a gente passa e está lotada”, lamentou. Na sala de espera, 15 pessoas aguardavam a vez. “A gente paga um plano caro e tem de se submeter a isso”, reclamou a aposentada.

Demora no atendimento, negativa de cobertura, reajuste e descredenciamento da rede prestadora são as principais queixas dos processos contra planos de saúde registradas na regional Bahia da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). No Estado, há uma média de 72 queixas por mês, número que representa um acréscimo de quase 200% se comparado ao saldo de 2008, quando a média mensal era de 25.

Olavo Monteiro Gomes, chefe do Núcleo Regional de Atendimento e Fiscalização da ANS, ponderou que a Bahia não está entre os estados com maior registro de denúncias no órgão, mas ressalta que há queixas feitas também no Juizado de Pequenas Causas e no Procon. “O número baixo não significa que não temos problemas, mas é que muita gente prefere procurar o Judiciário”, ele explica.

A Bahia conta atualmente com 588 operadoras de plano de saúde atendendo 2,15 milhões de beneficiários, 54% somente na capital. Apesar de a ANS não fornecer um quadro evolutivo do número de leitos disponíveis nas clínicas e hospitais particulares de Salvador nos últimos nove anos, sabe-se que, de 2000 para cá, a quantidade de pessoas que têm algum plano de saúde na capital (atual 1,16 milhão) aumentou 86%.

De acordo com a Associação dos Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Ahseb), Salvador conta com 2.439 leitos na rede particular, entre média e alta complexidades. “Os hospitais de Salvador estão em crise financeira, deram prejuízo no último ano, sem exceção”, afirmou o presidente da Ahseb, Marcelo Britto. Para ele, a situação se deve, em parte, à inexistência de leis de incentivo fiscal.

“Há a Lei Rouanet, de incentivo à cultura no Brasil. Pois deveria haver algo do tipo para o setor da saúde, pagamos a mesma carga tributária que qualquer outra empresa”, ele destacou.

Britto sublinhou que áreas como obstetrícia e pediatria acabam não recebendo investimentos. “Infelizmente, hoje é mais vantajoso investir em áreas com maior retorno, como cirurgia bariátrica, por exemplo.”, disse Britto.

Emanuella Sombra e Danile Rebouças, do A TARDE

 
 




CardioTórax © Copyright 2009    ||    Todos os direitos reservados

Av. Anita Garibaldi, n 1477, Ed. Alexander Fleming, sala 403
Ondina - Salvador - BA - 41.950-176
Telefone: +55 71 3261-2613