1

 
  Goiás: Cirurgias cardíacas realizadas pelo SUS no estado caem 71%

26/08/2010

Publicado em 26/07/2010

Com oito meses da paralisação dos cirurgiões cardíacos – que reivindicam que o Sistema Único de Saúde (SUS) pague a tabela de preços por procedimento de acordo com o valor estabelecido pela Sociedade Brasileira de Medicina – o número de cirurgias realizadas diminuiu 71%. Antes, eram feitas 120 por mês, um total de 720 em seis meses. Mas, de janeiro a junho deste ano, apenas 165 pessoas conseguiram ser atendidas. Mesmo com a queda significativa, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) afirma que não há fila de espera para pacientes que precisam ser operados, pois, quem não consegue atendimento em Goiânia, está sendo encaminhado, por meio do programa Tratamento Fora de Domicilio (TFD), para outros Estados. Segundo o diretor de Controle, Regulação e Avaliação da SMS, Fernando Machado, de janeiro até junho deste ano, 40 pessoas foram beneficiadas pelo TFD. Dessas, 38 eram crianças.

O secretário de Saúde, Paulo Rassi, afirma que não há fila de espera para as cirurgias cardíacas, porém, a menina Lorraine Oliveira Cavalcante, de 3 anos, que tem sopro no coração, aguarda pelo processo operatório desde o ano passado. “A situação complicou muito, porque esperávamos que a cirurgia fosse sair no final 2009 e com a greve até hoje nada”, conta a avó da garota, Maria Eliane Oliveira Cavalcante, 40, que não tem como pagar pelo procedimento na rede particular. “Se tivesse condições financeiras ela já teria feito.”

Maria chora ao falar sobre o destino da neta, que, se não conseguir a cirurgia, tem expectativa de vida até os 8 anos. Maria teme que Lorraine passe pelos mesmos problemas que Ana Evellyn, 8, que não conseguiu a cirurgia a tempo e agora não pode mais fazer. Segundo a mãe de Ana, Shirlene Mota, a menina terá que fazer novos exames para verificar a possibilidade de viver à base de um medicamento que custa 3 mil reais por mês.

Mesmo com casos de pessoas que ainda aguardam pela operação, o diretor de Controle, Regulação e Avaliação afirma que não há fila de espera e diz que deve ter havido algum problema com essas pacientes, como o de terem vindo de outro Estado tentar o benefício, por não terem indicação ci rúrgica ou por não terem ido aos locais onde esse encaminhamento é feito. “Essas pessoas só não conseguiram se não foram atrás, porque não tem ninguém esperando para fazer a cirurgia”, garantiu ele. Entretanto, o presidente da Cooperativa dos Cirurgiões Cardíacos, Wilson Mendonça Júnior, alega que a SMS sempre nega que existam doentes esperando. “Sou professor no Hospital das Clínicas (HC) e a quantidade de pessoas aguardando para fa zer a cirurgia é grande. Diariamente pessoas procuram a unidade para saber como conseguir o procedimento.”

Fernando Machado defende que o papel da Secretaria é cadastrar o paciente e tentar encontrar atendimento. “Se não tiver como fazer a cirurgia aqui no Estado, encaminhamos para a Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC), situada no Rio de Janeiro, que fica responsável pelo trâmite do paciente no sistema”, explica. Desde janeiro, 40 pessoas já fizeram cirurgias do coração em outros estados como Brasília, São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba, por meio do TFD. Neste programa, os pacientes não têm nenhum custo e nem o município. Fernando completa que “o recurso é liberado pelo MS que custeia transporte aéreo ou terrestre, conforme a necessidade do paciente, hotel, e alimentação”. Os recursos também se estendem para um acompanhante.

Alívio

Wilson revela que os 20 médicos que realizavam cirurgias cardíacas pelo SUS faziam 120 por mês, e agora, com apenas um profissional credenciado trabalhando, o número de pessoas recebendo atendimento caiu para 40. Lindamar Cassimiro, 36, está entre os cerca de 165 pacientes que conseguiram o atendimento de janeiro até junho deste ano na Capital. Depois de aguardar quase seis meses pela cirurgia, uma das válvulas do coração dela foi desentupida. “Fiz a cirurgia no dia 30 de abril de 2010, no Hospital São Francisco de Assis.”

Antes de operar, Lindamar tinha deixado o trabalho de diarista, pois sentia muito cansaço, palpitação e falta de ar. Agora, com a válvula do coração funcionando normalmente, ela garante que está bem melhor. “Estou me sentindo ótima. A cada dia que passa estou melhor.”

Para conseguir cirurgias cardíacas pelo SUS em Goiânia, seja para fazer na Capital ou em outro estado, o diretor de Controle, Regulação e Avaliação da SMS explica que, primeiramente, o paciente precisa ter sido avaliado por um médico e ter indicação cirúrgica, que lhe dará a Autorização de Internação Hospitalar (AIH). “Com o do cumento, é preciso ir ao departamento de Controle e Avaliação da SMS, que fica no mesmo prédio do Samu, na Avenida E, no Jardim Goiás, para ser encaminhamento pela secretaria.”

Greve não tem previsão para acabar

O problema da paralisação dos ci- rurgiões cardíacos começou em dezembro de 2009 e não tem previsão de ser solucionado. Segundo o presidente da Cooperativa a greve só será resolvida no dia que o atual prefeito retirar o secretário Paulo Rassi da Secretaria. “Não tem outra saída para resolver isso”, afirma ele, que aponta que nos outros Estados, todos chegaram a um acordo.

Nesses oitos meses de embate, o secretário de Saúde de Goiânia não se posicionou diante das reivindicações dos cirurgiões e afirma que está aguardando os hospitais e os médicos entrarem em um acordo, pois a SMS não tem nada a ver com o caso. Porém, ele alega que a paralisação não é correta. “A reivindicação é justa, mas não está sendo feito da maneira certa”. Ele salienta que Goiás é o único município que está em greve e que o melhor cirurgião do País continua trabalhando normalmente. (FM)

Fonte: http://www.ohoje.com.br

 
 




CardioTórax © Copyright 2009    ||    Todos os direitos reservados

Av. Anita Garibaldi, n 1477, Ed. Alexander Fleming, sala 403
Ondina - Salvador - BA - 41.950-176
Telefone: +55 71 3261-2613