26/08/2010

Publicado em 10/08/2010

Os cirurgiões cardio-vasculares de João Pessoa só atenderão os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) nos hospitais credenciados apenas até a próxima quarta-feira, dia 15 de agosto. Desde o início de julho os médicos vêm tentando uma negociação com as secretarias estadual e municipal de Saúde, para um reajuste na tabela de honorários do SUS, assim como na melhoria das condições de trabalho. Até agora, não houve diálogo.

“Infelizmente ainda não tivemos nenhuma proposta concreta dos gestores públicos. Não podemos continuar trabalhando com essa tabela. É economicamente inviável e desmotivador ser um cirurgião cardíaco dessa maneira”, ressaltou o presidente da Cooperativa dos Cirurgiões da Paraíba, Marcus Maia. “Esperamos que antes do dia 15, os secretários nos convoquem para que possamos entrar em um acordo e a população não seja prejudicada”, completou Marcus Maia.

Em João Pessoa, são credenciados para realizar essas cirurgias pelo SUS o hospital Santa Paula e a Clínica Dom Rodrigo. Mensalmente, são realizadas nas duas unidades em torno de 35 cirurgias cardio-vasculares. Os procedimentos mais comuns são as pontes de safena, mamária e a troca de válvula cardíaca.

O motivo da paralisação - O presidente da Cooperativa dos Cirurgiões explicou que essas cirurgias são de longa duração, de alta complexidade e exigem grande especialização dos profissionais. Além disso, recursos repassados para o cirurgião responsável ainda são divididos com mais oito profissionais da equipe, responsáveis pelo ato cirúrgico e pelo acompanhamento no período pós-operatório dos pacientes durante uma semana. Ainda de acordo com o dirigente, os médicos teriam condições de realizar um número maior de cirurgias e beneficiar mais pacientes caso houvesse um repasse maior de recursos por parte da Secretaria Municipal da Saúde. “Temos uma fila com cerca de 500 pacientes à espera de cirurgia”, completou Marcus Maia.

No final do mês de julho, a Coopecir enviou formalmente documento aos Secretários de Saúde, Roseana Meira e Geraldo Almeida, comunicando da decisão de paralisação de serviços dos médicos. O mesmo documento foi encaminhado ao Ministério Público Federal, ao Ministério Público Estadual e ao Conselho Regional de Medicina da Paraíba.

Movimento Nacional - Os cirurgiões cardio-vasculares de todo o país iniciaram um movimento nacional pelo reajuste da tabela do SUS, que está defasada há mais de 10 anos. “A tabela do SUS não corresponde ao mínimo necessário para uma remuneração adequada”, enfatizou o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardio-Vascular, Henrique Furtado.

Esse movimento pelo reajuste da tabela SUS foi iniciado na Bahia e vêm se alastrando por vários estados. Em alguns estados as secretarias estadual e municipal complementaram a tabela, como é o caso do Rio Grande do Norte.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardio-vascular, José Teles de Mendonça, enviou carta aos cirurgiões associados reforçando a iniciativa dos médicos paraibanos. Segundo ele, “esse movimento é nacional e vem atingindo vários estados com bons resultados”. Teles também acredita que a contratação dos profissionais médicos deve ser feita através de cooperativas.

Fonte: http://www.clickpb.com.br/